11 fev, 2016 - 15:03
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, afirmou que Portugal "deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros se der impressão de que está a inverter o caminho percorrido".
"Estamos atentos aos mercados financeiros e Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido. O que será muito delicado e perigoso para Portugal", disse esta quinta-feira.
As declarações foram feitas à entrada da reunião do Eurogrupo, que vai comentar a proposta de Orçamento do Estado para 2016, aprovada na semana passada pela Comissão Europeia após intensas negociações com Lisboa.
Na última sexta-feira, o executivo comunitário deu “luz verde” ao plano orçamental depois de Lisboa ter apresentado medidas adicionais, cujo impacto global estimado variará entre os 970 milhões de euros (expectativas de Bruxelas) e os 1.125 milhões de euros (projecções do Governo).
A diferença de 155 milhões de euros não impediu a Comissão de dar o seu aval ao projecto orçamental, embora apontando para os riscos de incumprimento, algo que também deverá constar da declaração de hoje do Eurogrupo.
Ministra desvaloriza aumento dos juros da dívida
A ministra da Presidência considerou preocupante o aumento dos juros da dívida soberana portuguesa, mas sustentou que essa subida se insere num quadro global de instabilidade financeira internacional e não a factores específicos nacionais.
Confrontada com o facto de os juros da dívida portuguesa a dez anos terem atingido os 4,5%, Maria Manuel Leitão Marques comentou que "naturalmente o Governo não podia deixar de estar preocupado com essa questão [aumento dos juros da dívida], mas, como é sabido, essa instabilidade é infelizmente global e internacional, afectando mais uns países do que outros".
"Estamos a olhar atentamente para essa situação, que obviamente preocupa toda a Zona Euro e, em particular, os países mais afectados por essa instabilidade", afirmou a ministra.
Os juros da dívida alcançaram os 4,5% pela primeira vez desde Março de 2014. O prémio de risco face à Alemanha aumentou para o valor mais alto desde Novembro de 2013, com a dívida nacional a ser pressionada.
PSD responsabiliza governo socialista
O líder da bancada do PSD atribui a subida dos juros da dívida soberana portuguesa aos "sinais dados pela governação do país", considerando que "a marca da trapalhada" do processo orçamental gera insegurança e instabilidade.
"Infelizmente é com muito apreensão e preocupação que nós verificamos que os juros da dívida portuguesa têm vindo a subir de uma forma já muito significativa e que não tem paralelo com países que se encontram em circunstâncias análogas à nossa. Isto é da responsabilidade directa daquilo que são os sinais dados pela governação do país", afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas no final de reunião da bancada do PSD.
Insistindo que apesar da instabilidade dos mercados financeiros nas últimas semanas, o comportamento dos juros da dívida no caso de Portugal "não é o mesmo face a outros países periféricos e a outras economias que têm dificuldades como a nossa", o líder parlamentar do PSD considerou que isso acentua a ideia de que "os avanços e recuos do Governo" no Orçamento geram falta de confiança.
"Este processo orçamental que tem tido a marca da trapalhada, estes avanços e recuos do Governo, a atitude revanchista face àquilo que eram caminhos que se estavam a percorrer no domínio dos transportes, no domínio da educação, no domínio da economia, tudo isso tem um efeito, porque gera falta de confiança, gera insegurança e gera instabilidade", frisou.
[notícia actualizada às 15h47]